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Tag: Transformação Digital

Instacart: O fantasma da Amazon e do Walmart

27 janeiro 2018

Em um mundo em ebulição como o nosso é fundamental estar atento à forma como você se nutre de conhecimento. Infelizmente, muita coisa relevante passa batido dos meios tradicionais de mídia no país e você corre o risco de ficar alijado de casos muito instigantes que são importantes para formação de seu repertório pessoal. A startup Instacart é um caso desses. Pouco conhecida no Brasil, praticamente ignorada pela mídia tradicional, a startup, fundada em 2012 por um ex-engenheiro da Amazon, atualmente, tem um valor de mercado de cerca de U$ 3,5 bilhões e assombra os principais players do mercado de varejo. O nome Instacart não tem nenhuma relação com o Instagram. A marca, na realidade, é a composição das palavras carrinho de supermercado (cart) com instantâneo (insta). Algo como “carrinho instantâneo”. Em síntese, trata-se de uma plataforma que já cobre quase todo território americano, onde o cliente pode selecionar digitalmente o supermercado desejado, montar e adquirir sua lista de compras e a receber em casa por meio de um “personal shopper”. Nessa etapa do processo, a startup se assemelha a um Uber de supermercados, na medida em que, reúne um cadastro de indivíduos que podem ser acionados na sua região de acordo com a demanda. A entrega acontece em até duas horas do pedido de acordo com o tipo de serviço adquirido (existem opções mais ou menos rápidas conforme o pagamento da taxa de entrega). Originalmente, a fonte de receita da startup era unicamente proveniente da taxa de entrega aliada a uma comissão paga pelo varejista. O sucesso do negócio é tão expressivo que hoje já atende mais de 66 milhões de domicílios americanos (52% do total de residências da região). Com isso, desenvolveu outra fonte de receita proveniente de anúncios da indústria que, cada vez mais, se aproximam da organização de olho nos seus milhões de clientes. Alguns analistas afirmam que o Instacart foi um dos principais motivadores da aquisição do Whole Foods pela Amazon. A tese é que a maior varejista do mundo necessita ter capilaridade física rapidamente para fazer frente a crescente cobertura e onipresença da startup nos lares americanos. Além disso, o Whole Foods tem um acordo de exclusividade com a plataforma sendo um de seus principais parceiros de negócios com uma pequena participação acionária. Com a movimentação a Amazon se transforma em acionista do Instacart. Curiosamente, o efeito inicial foi contrário. Assustados com o avanço da Amazon no varejo físico, varejistas tradicionais aceleraram seus acordos com a Instacart visando estruturar uma operação digital que fizesse frente a esse novo player sem a necessidade de investimentos vultuosos em tecnologia. Em entrevistas logo após o fechamento do negócio, Apoorva Mehta, CEO da startup, comentou que aumentou em 60% o numero de empresas que procuraram a companhia para participar da plataforma. Atualmente, são cerca de 170 varejistas. Nesse universo estão presente as 5 maiores cadeias de mercearias dos Estados Unidos. Em outro movimento recente, a Target adquiriu o controle da principal concorrente da Instacart, a startup Shipt por U$ 550 milhões. Os valores foram considerados altos por alguns analistas, porém a aquisição tem valor estratégico para um dos maiores varejistas do mundo que está de olho em como não perder a onda do digital. As principais preocupações, atualmente, do Walmart, a outrora maior varejista do mundo, mas ainda um conglomerado gigante que domina o setor, não é de seus competidores tradicionais como K-Mart, Costco dentre outros. Seu olhar está dirigido para o avança da Instacart e o estrago que essa empresa de pouco mais de 5 anos está fazendo no mercado. Esse é um movimento que ainda passo ao largo da visão geral de negócios no país. No Brasil, nos habituamos pouco a estudar e decifrar movimentos mercadológicos como esse que estão redefinindo as fronteiras de um dos segmentos mais tradicionais da economia: o varejo. É chover no molhado reiterar o processo de transformação que impactou outros setores tão pujantes como o Turismo, Transporte, Mídia dentre tantos outros. Não é chover no molhado, no entanto, reforçar a necessidade de nos atualizarmos e estudarmos os movimentos globais de transformação e refletirmos sobre seus impactos no nosso negócio. Dessa reflexão, certamente irão emergir oportunidades não mapeadas e riscos que podem levar seu negócio a exposição excessiva. O momento é de abandonar o comodismo e a convicção de que sabemos tudo sobre nosso negócio. É a hora de aprender a desaprender, adotando um comportamento de muita humildade e abertura perante a descoberta de novas soluções em um mundo que está em aberto. Acredite: não é uma “modinha”. A ruptura está presente aqui e agora. O caso do Instacart é só mais um que mostra sua força.   Ah, o fundador da empresa antes de dar essa tacada de mestre e se transformar em mais um bilionário do mundo das startups comenta que estima que falhou em cerca de 20 outros projetos antes de acertar a mão. Mais um sinal dos tempos…        

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O que a queda do Snapchat tem a nos ensinar

27 dezembro 2017

No final de 2013 o Facebook fez uma oferta de compra ao Snapchat no valor de U$ 3 bilhões. Valores expressivos para a época, porém a proposta foi recusada de pronto pelos fundadores da rede social que mais crescia na época junto ao público jovem. Pouco mais de 3 anos depois, em março de 2017, a empresa foi responsável por um dos maiores IPOs da história na Bolsa de NY. A startup foi avaliada em U$ 33,3 bilhões com um preço de U$ 24 por ação. Depois de um período de crescimento vertiginoso, no entanto, a empresa se defronta com os maiores desafios de sua curta e próspera jornada. O Facebook intensifica os ataques com o Instagram Stories, que apresenta funcionalidade similar aos vídeos instantâneos do Snap, e sua influência junto a Geração Z declina a olhos vistos. Nos resultados apresentados no último trimestre, a empresa apresentou uma redução importante no número de novos usuários que caiu de 8 milhões no início do ano para 4,5 milhões. A plataforma continua com expressivos 166 milhões de usuários/dia, porém a tendência assusta o mercado financeiro que já penaliza a empresa com a diminuição do valor da ação que hoje vale cerca de U$ 14,00 (menos da metade do valor de seu IPO). Por mais que seja breve e tendo a convicção que muita água ainda vai passar por baixo dessa ponte, essa história traz alguns ensinamentos relevantes que dizem respeito ao nosso momento histórico, a chamada 4ª Revolução Digital ou a Era de Transformação Digital, como preferir. O ciclo de mudanças é muito rápido e engana-se quem imagina que só atinja as empresas tradicionais. É óbvio que essas organizações têm desafios maiores, na medida em que devem reavaliar sua cultura, modelos de negócios e liderança. Por outro lado, como diz o ditado “pau que bate em Xico, bate em Francisco”. Todos, sem exceção, correm o risco de serem vitimados por movimentos estratégicos vindo da concorrência. Abordei esse tema no artigo sobre os riscos da Netflix ser “disruptada” da mesma forma que “disruptou” a Blockbuster. Não importa seu projeto, se é uma startup ou um negócio tradicional, é necessário estar atento a todos os movimentos do mercado estudando todos os atuais competidores e possíveis ameaças. No caso do Snapchat, alguns afirmam: “puxa, mas o Instagram copiou uma inovação criada pelo Snap…”. Pois bem, recorda-se daquela máxima dos novos tempos que diz que “mais importante do que a ideia é sua execução”. Mais um exemplo que corrobora essa crença. É inconteste as vantagens do pioneiro, porém nada garante a sustentabilidade de sua liderança a não ser outros desenvolvimentos e possibilidades que gerem barreiras de entrada robustas em seu negócio. Esse não é o caso do modelo original do Snap cujas funcionalidades são facilmente copiadas, sobretudo, por uma rede já consolidada com um universo de cerca de 800 milhões de usuários/dia ligada a uma das maiores organização do mundo – o Facebook. Aliás, um dos motivos do sucesso da investida do Insta junto ao público em geral tem relação com o fato de já pegarem a onda de um produto consagrado pelos pioneiros. Boa parte da audiência já conhecia o modelo de vídeos instantâneos quando o Stories foi lançado. Diferente de quando o Snap lançou essa ideia, não foi necessário catequisar muitas pessoas, pois já havia uma referência estabelecida. Temos de rever nossos conceitos a respeito do valor do pioneirismo. De modo algum ele perde a relevância, porém sua sustentabilidade é muito mais efêmera que no passado. Finalmente, o caso demonstra o poderia econômico dos novos líderes globais. Não se trata de nenhuma novidade um movimento como esse do Facebook. Recorda-se como a Microsoft pulverizou o Netscape no final da década de 90 na chamada “Guerra dos Browsers”? O que muda, no entanto, é que o atual poder que os novos “donos do pedaço” conquistam é avassalador e ameaças como essa do Facebook tendem a se acentuar. São empresas muito capitalizadas, com um valor de mercado incrível que não se intimidam em perder somas expressivas de dinheiro para liderarem negócios relevantes para seu futuro. No final do dia, reitero o que tenho insistentemente afirmado e sentenciado: estamos diante de um ambiente totalmente novo que traz consigo imensos desafios. Também traz inúmeras oportunidades, porém para isso é necessário uma mudança de mindset migrando para um modelo mental mais flexível que permita entender com mais clareza os movimentos de mercado e como é possível aproveitá-los ou se defender de seus desafios. Em situações como essa sempre me vem a mente aquela frase clássica proferida por Andy Grove, ex-CEO da Intel, que se transformou em título de sua biografia: Só os paranoicos sobrevivem? Ela foi proferida há mais de 20 anos, porém está mais atual do que nunca.

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Apple, Shazam, Spotify e os Inovadores Modelos de Negócios

12 dezembro 2017

Uma das visões estratégicas que mais sofre transformações nessa Era de Transformações (ops…) é a dos Modelos de Negócios. Há uma miríade de modelagens muito distintas da economia tradicional que, a princípio são alvo de incredulidade, porém com o tempo se provam como escolhas acertadas. Google, Amazon e Facebook já foram alvos da desconfiança geral com seus Modelos de Negócios. Hoje estão entre as 5 empresas mais valiosas do mundo. Essa semana, a Apple adquiriu por cerca de U$ 400 milhões o Shazam, aplicativo que começou sua trajetória identificando músicas por meio do seu áudio e, atualmente, faz o mesmo com programas de televisão, filmes e propagandas. Sempre fui fã desse app que foi um dos pioneiros a aliar Inteligência Artificial com Big Data e apresenta uma acuracidade incrível. Tenho notado que ele identifica cada vez mais rapidamente as músicas desejadas. Basta um ou dois acordes e pronto. Lá está a identificação correta do som. Minha dúvida, no entanto, sempre foi sobre como o Shazam iria gerar receita de forma consistente e crescente. O movimento da Apple começa a elucidar a estratégia da startup, já que uma maior integração com a Apple Music e o ITunes pode render frutos muito promissores tanto no que se refere a popularização do streaming de áudio quanto na comercialização das músicas da plataforma de ecommerce. A startup inglesa fundada em 1998, já passou da marca de 1 bilhão de downloads, conta com mais de 100 milhões de usuários em mais de 190 países e tem como sua principal fortaleza a presença no incrível universo dos smartphones. A recente aquisição mexe ainda com outra startup estrelada de nossos tempos: o Spotify que, segundo fontes, está na eminência de fazer seu IPO. O app de streaming de áudio já está integrado ao Shazam com quem tem uma parceria de geração de usuários, canal que pode secar de acordo com a evolução desse negócio, além de “ganhar” um concorrente mais fortalecido com essa união, a Apple Music. Ah, outro parceiro do Shazam é o Google Play que tem investido para ser um player relevante nesse negócio. Como você pode notar, existem inúmeras possibilidades de modelagem de negócios e geração de receitas consistentes e valiosas para o negócio que foge do padrão tradicional. Como tenho insistido com frequência e é um dos temas de meu novo livro a ser lançado no início do ano: é necessário aprendermos a desaprender para estarmos mais aptos a absorver novos conhecimentos essenciais para esses novos tempos. Nos desprendermos dos vícios de uma visão preconcebida é essencial para nos adaptarmos a um mundo em ebulição. Desafiante, pois demanda muita humildade e coragem para nos lançarmos rumo ao desconhecido. Essa nova lógica vale para qualquer um, viu? Open your mind!!!

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Qual é o negócio da GM?

11 dezembro 2017

A GM anuncia que vai equipar os novos modelos de seus carros com um painel que permite acesso a uma plataforma de comércio eletrônico. Será possível adquirir diversos serviços por meio da tela mostrada no painel que funcionará como um marketplace reunindo diversos provedores de produtos e serviços. A GM será remunerada por uma comissão dos negócios fechados na plataforma. Já em 2017, a tecnologia será embarcada em cerca de 2 milhões de automóveis e, em 2018, esse número se elevará para 4 milhões. A GM não está sozinha nessa batalha. A Amazon – sempre ela – está fazendo parcerias com diversas montadoras como a Ford para embarcar sua assistente pessoal nos veículos. Óbvio que o movimento tem relação com a ascensão dos carros autônomos. What business are you in? A pergunta mais importante para ser feita sobre seu negócio. As fronteiras estão derretendo, a tecnologia é onipresente. De onde vem as ameaças? E as oportunidades? Além do lugar comum que é falar sobre transformações nos negócios, é necessário estudarmos e arriscarmos novas possibilidades, pois quem perder essa onda está fadado a irrelevância.

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O que está por trás das denúncias contra Harvey Weinstein

27 novembro 2017

Artigo fenomenal que conheci pelo Meio a respeito da desconcentração de poder que tem acontecido na sociedade proveniente do avanço tecnológico. No caso, o autor, Ben Thompson, utiliza como referência o estrondoso caso de Harvey Weinstein, um dos principais produtores de Hollywood e conhecido predador sexual, para mostrar que o que está por trás da explosão de manifestações públicas dos casos de assédio que eram largamente conhecidos no meio pelo produtor. A principal origem desse movimento foi à diluição do poder dos chamados Gatekeepers na sociedade. No início dos anos 80, 100 filmes foram lançados nos EUA. Praticamente todos eram provenientes de grandes estúdios, dentre eles o The Weinstein Company, fundado pelo produtor. Ou seja, ou o artista em busca de projetos estava relacionado a um desses estúdios ou estava “fora do jogo”. Em 2016, foram lançados 736 filmes no país. Apenas 93 foram produzidos pelos grandes estúdios. O poder de barganha das grandes corporações foi totalmente diluído graças a outros canais de distribuição como Netflix, HBO, You Tube aliado a maior possibilidade técnica de produção gerada pelas novas tecnologias em equipamentos de vídeo, edição etc que tornou muito mais acessível à geração de conteúdo de alto nível.

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