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Tag: Mídia

Falência da Mídia e o caso Washington Post

27 março 2018

“Não há um mapa, e traçar um caminho à frente não será fácil. Precisamos inventar. O que significa que precisamos experimentar”. Essa foi uma das frases mais marcantes da carta que Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, enviou a todos os colaboradores do Washington Post, um dos jornais mais tradicionais do mundo, ao concretizar sua aquisição em Agosto de 2013. Apesar de enigmática, ela já dava o tom de um novo futuro para o negócio. A reputação centenária do periódico, o principal responsável pelo Watergate que culminou com a queda do Presidente Nixon, em 1974, não estava sendo suficiente para conter o declínio de suas receitas publicitárias e número de assinantes. O movimento de Bezos foi absolutamente controverso. Analistas inquietos se perguntavam sobre quais as reais intenções de um dos empreendedores mais bem sucedidos do planeta, que revolucionou o ambiente digital, ingressar em um segmento da economia tradicional que passava por severos desafios e questionamentos. Alguns levantaram a hipótese de ganho de poder. Ego. Outros mencionavam sua mania de colecionador. Alguns bilionários colecionam carros, barcos, aviões. Talvez Bezos gostasse de jornais. Em Fevereiro desse ano, no entanto, essas teses caíram por terra e ficou claro que não se trata de um hobby. O Washington Post foi eleito a 8ª empresa mais inovadora do mundo na tradicional pesquisa conduzida pela revista Fast Company compartilhando sua presença em um ranking composto por empresas líderes da nova economia como Apple, Netflix e a própria Amazon. Afinal, o que aconteceu em tão pouco tempo que justifica essa guinada de uma organização tradicional, porém em franca decadência, para uma empresa que, depois de 4 anos, é eleita uma das referências globais em inovação? Entrevista concedida por Bezos a Business Insider, em 2014, já dava indícios para esclarecer essa indagação: “Eu não sei nada sobre o negócio de jornais, porém eu conheço um pouco sobre Internet…” O empreendedor não se envolveu nas questões editoriais, colocando profissionais competentes para liderar o coração do jornal. Ao invés disso, se dedicou a transformar o periódico em uma empresa de tecnologia. Isso envolveu adotar práticas nativas de empresas digitais; contratar profissionais técnicos que, até então, não davam as caras nas empresas de mídia como engenheiros e cientistas de dados; desenvolver novos produtos dirigidos a novas demandas do próprio setor como o Arc , um serviço de gestão de conteúdos desenvolvido para atender as demandas do próprio jornal, mas que, devido a seu êxito, tornou-se um sistema ofertado a outras empresas do mercado editorial (atualmente, periódicos do mundo todo utilizam o sistema cujo universo de leitores atingidos ultrapassa a marca de 300 milhões e garante um faturamento inédito ao Grupo). O resultado de toda essa transformação no negócio não tardou a aparecer em números. Em Novembro de 2016, o site do jornal superou 100 milhões de visitantes únicos e, em setembro de 2017, ultrapassou a marca de 1 milhão de assinantes digitais. Esse caso é emblemático e deveria ser alvo de profundos estudos e análises por parte dos principais líderes do segmento de mídia e comunicação no Brasil. Já se vão quase 20 anos do início das discussões acerca do futuro da mídia em nosso país. Não foram poucos os que sentenciaram – e sentenciam – a sua morte perante a um ambiente de escassez de leitores. O caso do Washington Post demonstra que existem caminhos virtuosos para recuperação da posição econômica das companhias do setor. Para isso, no entanto, é necessário coragem para se desvencilhar das crenças velhas e enraizadas que, até então, nortearam os rumos desses negócios. Por mais “lugar comum” que possa parecer, a frase “o que nos trouxe até aqui, não nos levará ao futuro” é mais concreta e real do que nunca, porém ainda está evidente a dificuldade das organizações e seus líderes abandonarem o caminho das palavras fáceis e politicamente corretas e mergulhar na ação prática. Toda empresa de mídia deve ser encarada como uma empresa de tecnologia na nova economia (aliás, não só as empresas de mídia…). Bezos comenta que sua equipe técnica, composta por mais de 700 engenheiros (que triplicou nos últimos 3 anos), rivaliza com qualquer time de ponta do Vale do Silício. Hoje, profissionais talentosos, se interessam em fazer parte do quadro de colaboradores do Washington Post. E a nossa realidade? As organizações do setor de mídia estão no mapa de nossos jovens? Essa história não é uma abstração ou ficção. É concreta e real. Ela apresenta indícios de que a transformação nas empresas tradicionais é possível, porém passa por uma mudança cultural extrema e profunda. Bezos, mostra com o Washington Post, que a compatibilização da construção e manutenção de instituições de mídia críveis, fundamentais para a sociedade, com negócios virtuosos e prósperos, é um ideal a ser atingido. Está aí uma notícia a ser comemorada em um momento onde a verdade na sociedade está em cheque com a ascensão midiática das famigeradas Fake News. O caminho está posto. Quem se habilita? (Artigo de minha autoria publicada no Meio & Mensagem edição de 26/03)

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O risco das Fake News. Esteja atento a sua responsabilidade!!

21 março 2018

Um estudo publicado no New York Times concluiu que as chamadas Fake News têm 70% mais chances de serem compartilhadas no Twitter do que posts verdadeiros. Foram identificados, nos EUA, mais de 80.000 posts com notícias falsas. Aqui, no Brasil, temos testemunhado o início dessa prática espúria, que não só ameaça a democracia e a civilidade, mas a própria sobrevivência das redes sociais que ocupam local central na nossa sociedade. Não é à toa que o Google realiza uma forte aproximação com os canais de mídia tradicionais como a iniciativa lançada essa semana o Subscribe with Google que visa contribuir com a captação de assinantes para esses veículos. Me parece que é evidente o atrativo que as Fake News exercem, afinal, elas já foram produzidas com esse apelo catalizando gostos e desejos de uma parte dos leitores O que chamo atenção é para nossa responsabilidade em todo esse processo. Não dá mais para cairmos como gatinhos nas atirmanhas de profissionais que se prepararam para fazer só isso. Antes de formar opinião, é fundamental checar as fontes, valorizar os bons curadores de conteúdo (seja os jornalistas profissionais, seja especialistas com credibilidade reconhecida) e desconfiar de tudo (inclusive das informações de quem vos fala por aqui). Tenho a percepção que, paradoxalmente, estamos diante de uma oportunidade única para os meios de imprensa tradicionais que, a despeito das controvérsias, foram modelados e são responsáveis civilmente pelo que propagam. Basta saber se essas organizações estão preparadas para aproveitar essa janela de oportunidade se adaptando aos novos tempos definitivamente. Mas, esse é tema para um próximo post.

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O que está por trás das denúncias contra Harvey Weinstein

27 novembro 2017

Artigo fenomenal que conheci pelo Meio a respeito da desconcentração de poder que tem acontecido na sociedade proveniente do avanço tecnológico. No caso, o autor, Ben Thompson, utiliza como referência o estrondoso caso de Harvey Weinstein, um dos principais produtores de Hollywood e conhecido predador sexual, para mostrar que o que está por trás da explosão de manifestações públicas dos casos de assédio que eram largamente conhecidos no meio pelo produtor. A principal origem desse movimento foi à diluição do poder dos chamados Gatekeepers na sociedade. No início dos anos 80, 100 filmes foram lançados nos EUA. Praticamente todos eram provenientes de grandes estúdios, dentre eles o The Weinstein Company, fundado pelo produtor. Ou seja, ou o artista em busca de projetos estava relacionado a um desses estúdios ou estava “fora do jogo”. Em 2016, foram lançados 736 filmes no país. Apenas 93 foram produzidos pelos grandes estúdios. O poder de barganha das grandes corporações foi totalmente diluído graças a outros canais de distribuição como Netflix, HBO, You Tube aliado a maior possibilidade técnica de produção gerada pelas novas tecnologias em equipamentos de vídeo, edição etc que tornou muito mais acessível à geração de conteúdo de alto nível.

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