“Stranger Things” é viciante. Estou devorando os 8 capítulos da série original da Netflix, que segundo algumas fontes não oficiais, em 16 dias foi vista por mais de 8,2 milhões de pessoas em todo mundo desbancando a aclamada “House of Cards”. O que mais chama a atenção nesse fenômeno é que seu roteiro foi todo pautado pelo famoso algoritmo da Netflix que, baseado na leitura do comportamento de seus assinantes, definiu os parâmetros que aumentariam a probabilidade do produto ser popular.
Interessante, não é? Daqui a pouco teremos robôs roteiristas e os estúdios poderão economizar um dinheirão e você receberá apenas aqueles conteúdos mais afinados com seus gostos. Muito prático, fácil e com pouco esforço, pois não você não precisará mais ficar pesquisando aquilo que deseja, conhecendo novos conteúdos e assim por diante. Concorda?
Hummmmm....Perigo á vista!!
Só para citar 2 casos recentes, será que se a produção criativa fosse pautada em um algoritmo teríamos o “Pulp Fiction” e o surgimento do Tarantino que revolucionou a linguagem cinematográfica na década de 90? E o Almodóvar? Como o algoritmo ajudaria o cineasta?
Mais relevante que isso. O mundo atual se pauta pela complexidade. Para lidar com o incerto, o imprevisto é requerido muito repertório, profundidade de análise e visão estratégica. Será que se você focar apenas nos conteúdos mais alinhados com seu perfil, você conseguirá ter esse repertório? O que te surpreenderá? Como desenvolver novas perspectivas para novas realidades?
Pois é, como já comentei, muitas vezes as pessoas correm o risco de achar que a visão do mundo é a visão que encontra em sua timeline do facebook. Não. Ali você encontra a visão do mundo das pessoas que são parecidas com você, que te seguem.
Tome cuidada com essa falácia da simplicidade, da praticidade, do conteúdo fast food. Não deixe de nutrir seu cérebro com novas visões, novos conteúdos e conheça, despindo-se de preconceito, pessoas que têm uma perspectiva distinta da sua. Se dê o direito de absorver tudo como uma esponja tendo a humildade de saber que nada sabe.
Como sempre digo: desconfie de respostas fáceis para problemas complexos.
Vivemos em um mundo para lá de complexo, portanto, é demandado profundidade para decifrar seus desafios. Olho aberto!!
