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    O caminhão autônomo já é uma realidade

    11 abril 2018

    A palavra “Amanhã” do título de meu novo livro com José Salibi, o “Gestão do Amanhã” tem uma função mais metafórica do que prática. Explico: no livro nos dedicamos a mostrar e explorar soluções para o atual mundo corporativo que se caracteriza por transformações profundas. Nesse caso o “amanhã” é hoje. Ele não vai chegar. Já chegou e é necessário muita atenção aos impactos na sua carreira e negócio. Quer um exemplo? A Vale já tem em operação cinco caminhões autônomos que carregam até 240 toneladas. Eles são 10% mais produtivos que os conduzidos por humanos. Imagine o impacto desse movimento para a indústria automobilística. E os reflexos para o desenvolvimento de pessoas? São transformadores. Isso está acontecendo no Brasil aqui e agora. Não é uma abstração, exercício de futurologia ou utopia. Mais concreto impossível. Reflexões importantes: a) Como evoluções como essa impactam seu negócio? b) O que está no seu radar em termos de ameaças ou oportunidades dessa natureza? c) A rotina lhe permite refletir sobre o futuro de seu negócio? Se você é um executivo, sugiro substituir a palavra “negócio” por “carreira” e realizar a mesma reflexão sobre seu desenvolvimento profissional. Abra os olhos. O amanhã já chegou.

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    Valores íntegros geram Valor Econômico

    09 abril 2018

    “A empresa deve contribuir para a formação do espírito humano” “A empresa deve produzir soluções para um novo mundo, transformar-se em agente de mudanças e conectar indivíduos a causas. ” Quem você imagina que proferiu essas sentenças? Talvez um ativista social? Ou um especialista em sustentabilidade com uma visão romântica? Que tal uma empreendedora que construiu seu negócio alicerceado sobre esses pilares e, como consequência, o vendeu por U$ 1,14 Bilhões? É isso mesmo. Essa visão é de autoria de Anita Roddick, fundadora da Body Shop, que em 2006 foi vendida por U$ 1,14 Bilhões para a Loreal. Infelizmente Anita já não está entre nós, porém com seu vigor, intensidade e visão de mundo foi responsável pelo início de uma revolução que se tangibiliza com vigor nos dias atuais. Tive a oportunidade de interagir pessoalmente com a empreendedora em uma de suas vindas ao Brasil pela HSM. Creio que ela ficaria feliz em saber que a empresa que fundou foi adquirida pela Natura (em 2017 por um valor estimado de 1 bilhão de euros). Recordo-me que conduzi um Talk Show com ela e um dos convidados perguntou o motivo da Body Shop não entrar no país (na época, Anita estava à frente do negócio). Com a maior humildade do mundo, considerando que sua empresa já era muito representativa globalmente, ela respondeu: – Tenho muito respeito pelas empresas que atuam no setor no Brasil que adotam uma visão sustentável em seus negócios com sucesso. Não estou certa que faríamos a diferença por aqui. É óbvio que estava se referindo a Natura. Convido você a essa reflexão: Valores íntegros geram valor econômico Esse é o presente e futuro de uma sociedade mais próspera que integra o empreendedorismo a valores sociais. Está aí a real possibilidade do empreendedorismo contribuir para a transformação da sociedade por meio de uma visão poderosa que cria valor a todos os agentes de nosso ecossistema. Não se trata de uma utopia. Você concorda?

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    Somos todos Negociadores

    04 abril 2018

    Quais são as principais habilidades requeridas do executivo no atual contexto organizacional? Essa é uma questão que tem sido alvo de constantes análises e discussões, não só em relação aos profissionais envolvidos diretamente neste ambiente, quanto, e, sobretudo, pelos executivos responsáveis pela gestão destes profissionais no âmbito da empresa. A resposta a essa questão é ampla e repleta de variáveis, porém uma avaliação mais atenta deste ambiente, permite afirmar que a habilidade de se negociar com eficiência tem ganhado um espaço absolutamente significativo em diversas esferas do mundo dos negócios. Há tempos atrás, essa era uma habilidade requerida com exclusividade dos vendedores em suas negociações com clientes. Ou então dos profissionais de compras em suas interfaces com os fornecedores da empresa. No contexto interno da empresa, a demanda por essa habilidade emergia quando o executivo tinha a necessidade de se negociar salários ou pacotes de remuneração com seus superiores (a literatura de negócios com o foco na “auto-ajuda profissional” é repleta de exemplos com esse enfoque). Pois bem, essa realidade se alterou drasticamente ao longo dos anos e tende a se consolidar em outro patamar cada vez mais. Para corroborar com essa visão lhe desafio a refletir sobre quanto tempo de sua carga horária profissional você destina a negociação? Pense em todas as ocasiões em que você negocia com profissionais de sua equipe, seus superiores, seus pares, clientes internos, fornecedores e, é claro, com seus clientes. O fato é que, devido as novas estruturas organizacionais, com destaque, nesse caso, as estruturas matriciais, o poder decisório na organização foi diluído entre diversos profissionais e áreas. Dificilmente, hoje, uma decisão que envolve um risco considerável para uma organização é tomada por uma única pessoa. Essa lógica se aplica, inclusive, ao principal executivo da empresa, seu Presidente. O poder autocrático não tem espaço nas organizações modernas cuja demanda está centrada na transparência e cooperação entre seus profissionais. As organizações têm desenvolvido estruturas para o compartilhamento do processo decisório envolvendo diversas instâncias, de acordo o perfil da empresa. Decisões tomadas por comitês específicos envolvendo representantes de diversas áreas é uma prática cada vez mais comum. O especialista, nestas ocasiões, sempre terá uma posição de destaque, porém deverá desenvolver a habilidade de influenciar as pessoas para obter êxito na defesa de suas posições. Sua visão deve ser compartilhada e adotada pelo grupo ao invés do tradicional processo “top down” onde as pessoas simplesmente são informadas sobre a decisão tomada. Nesse sentido cabe uma ressalva: a própria definição convencional a respeito de negociação está sendo revista ao longo dos anos. As práticas utilizadas com vistas a impor determinada posição à força têm seu espaço limitado já que, no médio prazo, são descortinadas pelos interlocutores o que ocasiona na quebra da confiança na relação. Atualmente, o processo está muito mais centrado na esfera da influência – onde o negociador entende e se coloca na posição de seu interlocutor – do que em técnicas de submissão – onde o interlocutor faz valer sua visão. O tema é abrangente e muito rico, por isso, o mercado do management não ficou a margem desse movimento. Cursos e palestras têm se proliferado no mercado onde tem espaço, além dos tradicionais pensadores sobre o tema como William Ury e Herb Cohen, especialidades de dimensões bem específicas como Douglas Stone, que aborda a gestão das conversas difíceis, e Robert Cialdini, que trabalha a ciência da persuasão. Tenha no seu radar essa demanda, pois cada vez mais o mundo organizacional demanda excelente negociadores. Isso sem considerar o mundo pessoal com a esposa, filhos, família…  

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    A Lei de Metcalf e o Álbum da Copa

    29 março 2018

    A Lei de Metcalfe é uma das mais poderosas da atualidade. Ela sentencia que o valor de um sistema de comunicação cresce na razão do quadrado do número de usuários do sistema. Assim quanto mais componentes ativos têm uma rede, maior é seu poder. A base dessa Lei explica o sucesso das principais plataformas digitais da atualidade como o Facebook, Uber, Airbnb, além do valor dos Marketplaces (cujo sucesso está intimamente relacionado ao total de compradores e vendedores presentes em seu ambiente). Uma forma muito atual de entender o valor exponencial de uma rede é perceber o fenômeno que acontece no Brasil de 4 em 4 anos: o álbum de figurinhas da Copa do Mundo. Esse fenômeno só é explosivo da forma que é devido ao poder da rede despertado pela mágica atração que causa nos cidadãos brasileiros que, independentemente de sua faixa etária, sexo ou grana, se fascinam por trocar figurinhas dos seus ídolos – ou não – com outros coleguinhas. Por que o mesmo fenômeno não acontece, na mesma proporção, com outros álbuns? Porque seus autores não conseguem tracionar a audiência de uma forma tão poderosa quanto a Panini durante a Copa do Mundo e, como consequência, sua rede não tem potência. Menos participantes significa menos pessoas para trocar figurinhas que é igual a menos valor percebido. A Lei de Metcalfe é implacável. O que poucos percebem é que esse fenômeno está mais próximo do mundo dos negócios do que nunca. Atualmente, o custo de acesso para qualquer organização estruturar sua rede digital é muito baixo. O grande desafio, no entanto, reside em como tracionar a audiência da mesma forma que o álbum da Copa. Está aí uma questão absolutamente desafiante, que não tem uma receita de bolo nem resposta pronta. Tenho uma convicção, no entanto: é necessário testar, experimentar, criar protótipos para aprender e buscar soluções que vão nessa linha. As organizações que não começarem a exercitar hoje esses modelos – já estão atrasadas, a propósito – correm o risco de serem vitimadas da mesma forma que as empresas tradicionais do varejo estão sendo. Ou ainda, as do setor de Turismo. Ou as do setor de Transporte etc… Quer apostar?

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    Falência da Mídia e o caso Washington Post

    27 março 2018

    “Não há um mapa, e traçar um caminho à frente não será fácil. Precisamos inventar. O que significa que precisamos experimentar”. Essa foi uma das frases mais marcantes da carta que Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, enviou a todos os colaboradores do Washington Post, um dos jornais mais tradicionais do mundo, ao concretizar sua aquisição em Agosto de 2013. Apesar de enigmática, ela já dava o tom de um novo futuro para o negócio. A reputação centenária do periódico, o principal responsável pelo Watergate que culminou com a queda do Presidente Nixon, em 1974, não estava sendo suficiente para conter o declínio de suas receitas publicitárias e número de assinantes. O movimento de Bezos foi absolutamente controverso. Analistas inquietos se perguntavam sobre quais as reais intenções de um dos empreendedores mais bem sucedidos do planeta, que revolucionou o ambiente digital, ingressar em um segmento da economia tradicional que passava por severos desafios e questionamentos. Alguns levantaram a hipótese de ganho de poder. Ego. Outros mencionavam sua mania de colecionador. Alguns bilionários colecionam carros, barcos, aviões. Talvez Bezos gostasse de jornais. Em Fevereiro desse ano, no entanto, essas teses caíram por terra e ficou claro que não se trata de um hobby. O Washington Post foi eleito a 8ª empresa mais inovadora do mundo na tradicional pesquisa conduzida pela revista Fast Company compartilhando sua presença em um ranking composto por empresas líderes da nova economia como Apple, Netflix e a própria Amazon. Afinal, o que aconteceu em tão pouco tempo que justifica essa guinada de uma organização tradicional, porém em franca decadência, para uma empresa que, depois de 4 anos, é eleita uma das referências globais em inovação? Entrevista concedida por Bezos a Business Insider, em 2014, já dava indícios para esclarecer essa indagação: “Eu não sei nada sobre o negócio de jornais, porém eu conheço um pouco sobre Internet…” O empreendedor não se envolveu nas questões editoriais, colocando profissionais competentes para liderar o coração do jornal. Ao invés disso, se dedicou a transformar o periódico em uma empresa de tecnologia. Isso envolveu adotar práticas nativas de empresas digitais; contratar profissionais técnicos que, até então, não davam as caras nas empresas de mídia como engenheiros e cientistas de dados; desenvolver novos produtos dirigidos a novas demandas do próprio setor como o Arc , um serviço de gestão de conteúdos desenvolvido para atender as demandas do próprio jornal, mas que, devido a seu êxito, tornou-se um sistema ofertado a outras empresas do mercado editorial (atualmente, periódicos do mundo todo utilizam o sistema cujo universo de leitores atingidos ultrapassa a marca de 300 milhões e garante um faturamento inédito ao Grupo). O resultado de toda essa transformação no negócio não tardou a aparecer em números. Em Novembro de 2016, o site do jornal superou 100 milhões de visitantes únicos e, em setembro de 2017, ultrapassou a marca de 1 milhão de assinantes digitais. Esse caso é emblemático e deveria ser alvo de profundos estudos e análises por parte dos principais líderes do segmento de mídia e comunicação no Brasil. Já se vão quase 20 anos do início das discussões acerca do futuro da mídia em nosso país. Não foram poucos os que sentenciaram – e sentenciam – a sua morte perante a um ambiente de escassez de leitores. O caso do Washington Post demonstra que existem caminhos virtuosos para recuperação da posição econômica das companhias do setor. Para isso, no entanto, é necessário coragem para se desvencilhar das crenças velhas e enraizadas que, até então, nortearam os rumos desses negócios. Por mais “lugar comum” que possa parecer, a frase “o que nos trouxe até aqui, não nos levará ao futuro” é mais concreta e real do que nunca, porém ainda está evidente a dificuldade das organizações e seus líderes abandonarem o caminho das palavras fáceis e politicamente corretas e mergulhar na ação prática. Toda empresa de mídia deve ser encarada como uma empresa de tecnologia na nova economia (aliás, não só as empresas de mídia…). Bezos comenta que sua equipe técnica, composta por mais de 700 engenheiros (que triplicou nos últimos 3 anos), rivaliza com qualquer time de ponta do Vale do Silício. Hoje, profissionais talentosos, se interessam em fazer parte do quadro de colaboradores do Washington Post. E a nossa realidade? As organizações do setor de mídia estão no mapa de nossos jovens? Essa história não é uma abstração ou ficção. É concreta e real. Ela apresenta indícios de que a transformação nas empresas tradicionais é possível, porém passa por uma mudança cultural extrema e profunda. Bezos, mostra com o Washington Post, que a compatibilização da construção e manutenção de instituições de mídia críveis, fundamentais para a sociedade, com negócios virtuosos e prósperos, é um ideal a ser atingido. Está aí uma notícia a ser comemorada em um momento onde a verdade na sociedade está em cheque com a ascensão midiática das famigeradas Fake News. O caminho está posto. Quem se habilita? (Artigo de minha autoria publicada no Meio & Mensagem edição de 26/03)

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