Esse é um questionamento que me fiz quando estava produzindo o "Gestão do Amanhã" e reparo que é uma inquietação que está na mente de muitos indivíduos.
Não tenho nenhuma dúvida que a resposta é afirmativa.
Sim, as transformações são mais reais do que nunca.
A caça de artefatos para defender essa tese, me recordei de uma experiência pessoal que tive quando fiz uma imersão em Londres.
Propositadamente, para não esbarrar com nenhum brasileiro, decidi estudar em uma escola na periferia londrina.
O meio de transporte usual para me deslocar ao centro era o trem.
Em um desses deslocamentos, me chamou a atenção que ao meu lado, na estação, estava o CEO da Escola, sujeito que gozava de baita status naquela comunidade.
Eu estava com um alemão com o qual compartilhei minha surpresa.
De súbito, sem hesitação alguma, meu colega me esclareceu que se locomover de trem, naquela cultura, era símbolo de status.
Fiquei impressionado e aquela informação me marcou, pois se tratava de uma realidade MUITO distante da nossa cultura.
Aqui no Brasil, tradicionalmente, o meio de transporte que confere status são os automóveis. Sobretudo, nos grandes centros urbanos.
Nunca tivemos uma relação distinta a essa em nossa sociedade e o automóvel ocupou lugar central em nossa rotina.
Nos últimos anos, no entanto, essa lógica está mudando dramaticamente.
O número de emissões de cartas de habilitação nas grandes capitais decresce ano a ano e populam pelas ruas executivos se locomovendo de bike, metrô, trem e todos os modais disponíveis.
O impacto dos aplicativos de transporte é inequívoco e, apenas um deles, já faz mais de 70 milhões de viagens/mês no Brasil. Publiquei um artigo onde exploro esse tema.
Não se trata de uma mudança trivial. Ela não só impacta toda matriz de mobilidade urbana como influencia diversos setores da economia, além do óbvio segmento automobilístico.
Uma transformação se consubstancia de fato quando ela impacta usos e costumes de uma larga base de indivíduos.
Está aí mais um exemplo de nossa cultura atual que evidencia essa mudança e faz com que estejamos alertas para a nova economia que emerge dessa nova realidade.
Como já comentei, o amanhã é hoje e quem não perceber isso irá perder o bonde da história...